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A ERA DOS EXAMES DE DNA NA CINOFILIA

              Devido à tudo o que já foi exposto, fica a pergunta: então, qual é a maior utilidade dos exames de DNA? Diferente do que muitos médicos veterinários e criadores pensam, não é para o diagnóstico da doença. Da mesma forma que ocorre na medicina humana, o diagnóstico de uma doença continua sendo realizado utilizando-se do conhecimento clínico do médico veterinário, e da utilização adequado de métodos de diagnóstico convencionais de imagem e laboratoriais. Na clínica, o exame de DNA pode ser um assessório para o médico, ajudando a confirmar uma suspeita de uma doença. Ou seja, a presença da mutação relacionada à doença é apenas um dado a mais. Da mesma forma, a ausência desta mutação, quando na presença de todos os sinais clínicos indicativos da doença, não pode ser utilizada para a exclusão de um diagnóstico praticamente fechado. Um dos poucos exemplos que o teste genético tem uma aplicação clínica muito grande, é o teste do gene MDR1, que avalia a presença ou não da mutação causadora da intolerância (ou hipersensibilidade) à ivermectina.  Este é um problema bastante sério que ocorre com frequência em algumas raças – para ler mais sobre este assunto, clique aqui – e só pode ser detectado com o teste do gene MDR1. De posse destes resultados, o médico veterinário decide com total segurança se pode ou não utilizar ivermectina (além de vários outros fármacos) e pode, também, decidir sobre a dosagem segura a ser utilizada. No entanto, não existem, até o momento, outros exemplos de aplicações clínicas tão importantes de outros testes de DNA, além deste. 

                É importante lembrar ainda que existem exames disponíveis no mercado, para algumas doenças, que possuem uma sensibilidade de previsão ainda muito menor. Isto acontece quando se trata de doenças multifatoriais, como por exemplo, a histiocitose (um tipo de câncer, com ocorrência no Bernese – leia mais aqui sobre o assunto) e a displasia coxo femoral, comum em diversas raças. Como estas doenças são o resultado de diversas mutações em muitos genes diferentes, e para ocorrerem ainda necessitam que o animal tenha contato com um ou vários fatores ambientais deletérios diferentes, os exames disponíveis apenas classificam o animal de acordo com o risco de desenvolvimento para a doença (mínimo, baixo, sem risco aumentado, ou com risco muito aumentado). Além disto, não existem ainda estudos que comprovem o quanto estes exames realmente possuem capacidade preditiva. Um último ponto sobre estes exames, é que são específicos para duas raças: o de histiocitose, para o Bernese, e o de displasia coxo femoral, para o Labrador. Realizar o teste, erroneamente, para animais de outras raças, irá demonstrar que aquele cão não possui aquele conjunto de mutações, o que pode ser interpretado como “o cão tem baixo risco de ter a doença”. No entanto, isto não é verdade: o cão não poderia mesmo ter aquelas mutações testadas, afinal elas não ocorrem na raça.

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