top of page

A ERA DOS EXAMES DE DNA NA CINOFILIA

                 A primeira questão que o criador ou o médico veterinário de seus animais deve ter em mente quando escolhe testar um cão para determinada doença é qual teste deve escolher. Esta questão é bastante simples para algumas doenças, mas muito complexa para outras. O problema genético que causa a hipersensibilidade (ou intolerância) à ivermectina, por exemplo, é bastante simples: para todas as raças nas quais existe, pode ser detectado com o mesmo teste genético, chamado MDR1.  Com os dados existentes até o presente momento, sabe-se que a mielopatia degenerativa também é detectada pelo mesmo teste em quase todas as raças, chamado de SOD1A. Uma exceção é o Bernese, que necessita de um segundo teste para esta doença, chamado de SOD1B. Por outro lado, boa parte das doenças que ocorrem em várias raças só são adequadamente testadas se o teste específico para a raça é escolhido. A doença de von Willebrand (problema de coagulação sanguínea), por exemplo, não é avaliada pelo mesmo teste em todas as raças: o teste DvW1 só serve para as raças Bernese, Terrier Brasileiro, Doberman,  Setter Irlandês, Poodle, Papillon,  Corgi Welsh  e Pinscher, enquanto outras raças precisam de testes diferentes, e para outras ainda, até o momento não existe o teste determinado. O maior exemplo de variação de testes entre raças, para a mesma doença, são os aproximadamente vinte testes diferentes para atrofia progressiva da retina, presente em várias raças. Para o Labrador, o teste correto é chamado PRCD, já para o Bullmastiff o teste é o PRA-D, e para o Golden retriever devem ser feitos três testes diferentes, ao menos até onde se sabe. Ou seja: ao escolher o teste, deve-se antes checar com o laboratório se o mesmo se aplica à raça em questão. Esta checagem é de extrema importância porque quando um teste é feito, o mesmo procura “aquele” problema genético. Então, por exemplo, se você tem um Bullmastiff e testa o cão para PRCD, certamente o laudo será o de um cão normal (ou clear), afinal este problema genético (ou mutação) não existe mesmo nesta raça. Um erro deste tipo, além de implicar em desperdício econômico, ainda não contribui em nada para a criação. Laboratórios confiáveis deixam claro para quais raças cada teste se aplica. Portanto, fique atento.

                Além disto, o criador deve estar atento para o que realmente é necessário para sua criação: grandes laboratórios disponibilizam um grande número de testes para cada raça, inclusive oferecendo descontos que induzem o criador/proprietário a realizar todos os testes. Imagine um exemplo de pacote de dez testes diferentes, que avaliam dez doenças. Cada teste custaria separadamente uma média de U$ 60, mas o pacote com todos é oferecido por U$ 400, ou seja uma grande economia de U$200. No entanto, das dez doenças testadas, uma ocorre em 10 ou 12% dos animais da raça, enquanto as outras ocorrem em menos de 1% dos cães. Será que vale a pena esta economia para o criador? Certamente é importante o estabelecimento de prioridades: na presença de condições orçamentárias restritivas, é muito mais adequado testar somente a doença (ou as duas doenças) mais comuns na raça. Todas as outras, devem ser avaliadas somente em cães com algum histórico no pedigree de cães com a doença, como irmãos, primos, pais ou avós. Com esta estratégia, na verdade o criador economiza U$ 340 por cão, gastando em média somente os U$60 iniciais. Obviamente, em casos de cruzamentos com altos graus de consanguinidade (o limite de normalidade seria o COI de 11%, mas muitos casais chegam a ter uma previsão de COI para a ninhada de mais de 30%), torna-se muito importante testar o casal para tudo o que for possível. Sobre consanguinidade, leia mais aqui.

bottom of page