GENÉTICA CANINA: A ESCOLHA DE UM CÃO
SIRINGOMIELIA
COMO DETECTAR O CRIADOR QUE TRABALHA PARA DIMINUIR O NASCIMENTO DE ANIMAIS QUE APRESENTEM SIRINGOMIELIA?

O cuidado mínimo...
...que um criador deve ter é o de nunca reproduzir nenhum cão que já tenha o diagnóstico da doença

O criador responsável...
...só reproduz animais com exame de ressonância magnética indicando a ausência de siringomielia e graus mais baixos de dilatação do canal medular (DCM), ou no caso de cães sem exames, que sejam cães acima de 3 anos sem sinais clínicos.
Antes de escolher seu filhote, solicite uma cópia dos laudos dos pais da ninhada, assinados por um veterinário. Nestes laudos, verifique:
1) o resultado no laudo de ressonância magnética
2) a idade em que o animal passou pelo exame, que deve ser de no mínimo 2 anos.

Muito cuidado com o criador que...
......não faz ressonância magnética e procria os animais indiscriminadamente desde muito jovens. Isto provoca o nascimento de muitos filhotes que desenvolvem a doença, e aumenta a prevalência da doença na raça

Vocé é criador, já trabalha da maneira proposta para a diminuição da doença, mas quer fazer mais?
Parabéns!
Informe-se aqui,
ou
entre em contato conosco!
Descrição:
A siringomielia é definida por uma condição neurológica em que bolsões se desenvolvem ao longo da medula espinhal. Trata-se de uma doença multifatorial que ocorre em maior frequência em cães que possuem por uma malformação óssea (Malformação do tipo Chiari) em que o crânio se liga a vértebra e pressiona o líquido cefalorraquidiano em direção a medula, distendendo a estrutura normal e criando as cavidades. No entanto, apesar de esta malformação ocorrer na grande maioria dos cães de algumas raças, como o Cavalier, nem todos desenvolvem a siringomielia, demonstrando que este não é o único faltor relacionado.
Em alguns casos a doença é assintomática, mas naqueles em que não é os sinais clínicos aparecem em sua maioria até o 4º ano de vida. Por este motivo, quanto mais velhos são os cães sem sinais clínicos, maior a segurança para a sua reprodução. Os sinais são dor, relutância a se exercitar, intolerância a coleira ou toque na cabeça e pescoço, cabeça elevada ao dormir, escoliose, fraqueza, baixa coordenação e coceira fantasma (movimento de se coçar, mas sem entrar em contato com a pele, muitas vezes chamada "neck scratch disease").
Alguns cães podem permanecer estáveis e piorarem gradativamente ao longo dos anos, enquanto outros ficam severamente incapacitados pela dor e problemas neurológicos em apenas meses após os primeiros sinais.
A ressonância magnética permite identificar animais com siringomielia mais precocemente, mesmo antes do aparecimento dos sinais clínicos. Este exame é capaz de detectar sinais prévios à siringomielia, chamados de dilatação do canal medular, e também a presença de cistos nestes canais, indicativos de siringomielia.

Diagnóstico:
A ressonância magnética é necessária para diagnóstico correto, tanto da siringomielia como da dilatação do canal medular. Como ninhadas de animais assintomáticos com dilatação do canal medular apresentam sinais clínicos com maior frequência do que ninhadas de animais saudáveis, recomenda-se realizar a escolha dos animais para acasalamento apenas depois do exame de ressonância.
Ainda que esta não seja uma prática habitual no Brasil, é a atitude recomendada por órgãos internacionais.
Para saber mais:
- University of Prince Edward Island (Canadá): https://cidd.discoveryspace.ca/disorder/chiari-malformation-cm-and-syringomyelia-sm.html
- The Kennel Club (Reino Unido): https://www.thekennelclub.org.uk/search/breeds-a-to-z/breeds/toy/cavalier-king-charles-spaniel/
- North Downs specialis referrals (Reino Unido): https://www.ndsr.co.uk/specialist-referral-service/pet-health-information/neurology/syringomyelia
- Cavalier Health (EUA): https://cavalierhealth.org/syringomyelia.htm
Colaborações:
Aléxia Victória Ladeia
Graduanda em Medicina Veterinária pela UFBA
Bolsista de Iniciação Científica do grupo MegaGen-UFRGS
Bolsa Instituto Premier Pet
Camila França de Paula Orlando
Médica Veterinária (CRMV/GO 4631)
Especialista em Neurologia de Pequenos Animais (Qualittas)
Mestre e Doutora em Ciência Animal (UFG)
Professora de Clínica e Semiologia da UNICEUG e PUC Goiás
Trabalha com atendimento especializado em neurologia de cães e gatos