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Vamos pensar sobre a prática de não avaliar a coluna do animal antes da reprodução?

           

            A calcificação do disco intervertebral, e consequentemente o risco de hérnia de disco,  já foi comprovada como tendo grande influência da genética: dependendo da população estudada, a herdabilidade pode chegar a até 80%. Este valor demostra que embora a hérnia de disco não seja totalmente herdáveis, a mesma possui sim uma grande influência da genética e, portanto, deve ser controlada com a escolha dos cruzamentos de menor risco. 

            É sabido que no Brasil o controle não é realizado pela enorme maioria dos criadores. Infelizmente, muitos afirmam que este problema não é genético, e que controlar por RX dos pais não adianta nada para melhorar a coluna dos filhotes. No entanto, além da comprovação da influência genética citada acima, é importante lembrar que em vários países desenvolvidos, muitas associações de raça só permitem que o animal seja reproduzido após passar por RX. Ainda assim, é necessário tomar um grande cuidado com esta informação, para que a mesma não seja mal interpretada, pois:

                   1 - nenhuma associação indica retirar da criação qualquer cão poucas calcificações (isto seria inviável,                          e  diminuiria demais o número de animais reprodutores)

                   2 - nenhum pesquisador da área afirma que ao fazer RX existe garantia dos filhotes nascerem com a                                 coluna perfeita (aliás isto seria impossível, pois a característica não é 100% genética) 

            Em teoria, o controle de cruzamentos irá promover uma diminuição gradual do problema ao longo das gerações. Do contrário, a falta de controle com RX dos reprodutores apenas mantém o problema na raça, ou pode mesmo aumentar ainda mais o problema. 

 

Mas como saber qual animal deve ser retirado da reprodução?

             Esta escolha nunca é simples, afinal um animal não é portador de uma única característica! Um cão excelente para outras características desejadas na criação pode ter discos calcificados, e então o criador deve pesar o que é mais importante para seu objetivo de criação. 

               Além disto, não existe uma regra internacional que demonstre quais são os cães que não devem ser reprodutores. Mas a princípio, deve-se que pensar que:

 

                1)  animais que já tenham apresentado hérnia de disco não devem ser reproduzidos nunca 

                 2) animais que tenham mais de 5 discos calcificados não devem ser reproduzidos nunca 

                3) dois animais com várias calcificações (3, 4 ou 5) não devem ser reproduzidos entre si 

               4)  ao reproduzir um animal com várias calcificações (3, 4 ou 5), busque cruzá-lo com outro que                            tenha menos problemas (0 ou 1 disco calcificado)

              Sugere-se que você, como criador, tenha um médico veterinário ortopedista ou neurologista que lhe auxilie nesta decisão sobre o que é um problema muito sério e o que é um problema mais leve, já que ainda não existe um consenso sobre isto. No entanto, algumas associações de raça européias já trabalham estabelecendo estes parâmetros.  

                  

    Além disso, lembre-se: como a herdabilidade do problema é até 80%, é possível que você reproduza dois animais ótimos (com menos de 5 discos calcificados), e os mesmos tenham filhotes com muitas calcificações ou até mesmo animais que apresentem hérnia de disco. Isto não significa, de maneira alguma, que o problema não tem influência da genética.  O motivo provável disto ocorrer é porque os pais dos seus animais normais tinham graus mais severos, e passaram esta genética para os mesmos, que por algum motivo não manifestaram o problema. No entanto, o mesmo voltou a acontecer nos filhotes.

 

Ou seja: ter informações das gerações anteriores também é importante!

                  

Colaborações:

 

Belissa Cecim, Médica Veterinária (CRMV/RS 17258), cursando especialização em Neurologia (Quallitas).

Formada em Medicina Veterinária pela Uniritter (Laureate International Universities)

Camila França de Paula Orlando, Médica Veterinária (CRMV/GO 4631). Especialista em Neurologia de Pequenos Animais (Qualittas) Mestre e Doutora em Ciência Animal (UFG). Professora de Clínica e Semiologia da UNICEUG e PUC Goiás.
Trabalha com atendimento especializado em neurologia de cães e gatos.

Referências:

1 - Lappalainen e cols (2014). Intervertebral disc disease in Dachshunds radiographically screened for intervertebral disc
calcifications. Acta Veterinaria Scandinavica (2014) 56:89. (pdf)

2 - Lappalainen e cols (2015). Estimate of heritability and genetic trend of intervertebral disc calcification in Dachshunds in FinlandActa Vet Scand (2015) 57:78. pdf

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